Esparta, Grécia, em algum dia por volta do ano 480 a.C.. O lendário Rei Leônidas está entretido ensinando técnicas de batalha para o seu filho Plistarco. Ao terminar a sessão de treinamento, Leônidas recomenda ao garoto: “A verdadeira força de um espartano é o guerreiro ao seu lado. Respeite-o e honre-o, e será retribuído.”
O filme é 300, que se baseia na clássica graphic novel de Frank Miller que, por sua vez, baseia-se na história da Batalha das Termópilas, um dos muitos confrontos das Guerras Médicas, como ficou conhecido o longo período de confrontos bélicos entre os gregos e os persas. Nessa emblemática batalha, Leônidas liderou um pequeno grupo de soldados espartanos (os 300 do título) contra o exército de Xerxes, o “deus-rei” persa, estimado em mais de 300 mil homens.
Tanto a história original quanto a romanceada nos quadrinhos e no filme nos remetem a importantes lições de estratégia, liderança e bravura. Visto com olhos de administrador, 300 revela-se uma obra-prima de gestão, conduzindo o espectador através de um verdadeiro case de storytelling que revela preciosos links entre teoria e prática.
Espartanos nunca recuam.
Espartanos nunca se rendem.
Os valores de respeito, honra e coragem são talhados no espírito dos espartanos desde a mais tenra idade. Ao chegar à fase adulta, toda essa carga de princípios passa a nortear a conduta dos espartanos ao longo da vida. “Não existe brandura em Esparta“, diz o narrador do filme. “Não há tolerância para a fraqueza. Apenas os implacáveis e fortes podem denominar-se espartanos. Apenas os implacáveis e fortes”.
Ao receber um mensageiro persa que vem “solicitar” a submissão de Esparta ao rei Xerxes, Leônidas repousa seu olhar pensativo sobre os cidadãos à sua volta. Homens, mulheres, crianças, idosos. Eles lhe devolvem o olhar, mas com aflição, esperando a decisão de seu líder. São apenas alguns segundos de reflexão para vir à tona os ideais espartanos de liberdade, justiça e esperança. Espartanos nunca recuam. Espartanos nunca se rendem. “This is Spartaaa!“, brada Leônidas, empurrando o mensageiro para a morte em um imenso fosso. Um ato de guerra. A batalha é iminente.
Impedido pelas leis espartanas de reunir um exército para combater as forças de Xerxes, Leônidas reúne 300 de seus melhores guerreiros e marcha para as Termópilas (do grego “portas quentes“), um estreito desfiladeiro pelo qual o exército persa teria que, obrigatoriamente, passar para chegar a Esparta. A ideia era fazer uso da própria geografia da região para conter o avanço dos persas. Ao utilizar a topografia do ambiente como recurso estratégico, os gregos conseguiram diminuir sua fraqueza numérica, impelindo fortes perdas ao exército inimigo durante longos dias de batalha.
No mundo contemporâneo, existe um foco exacerbado em nós mesmos: eu preciso me preparar, eu preciso conquistar meus objetivos, eu preciso vencer os concorrentes. Eu, eu, eu… 300 ensina que, sim, é fundamental esse preparo individual – algo que, na Grécia Antiga, começava, inclusive, nos primeiros anos de vida. Entretanto, é o trabalho em grupo e o foco no conjunto que revelam a grande força dos espartanos. Um todo muito maior que a soma das partes.
Logicamente, a coesão do grupo seria impossível sem a figura de seu líder. Apesar de ser o rei – posição que, naturalmente, já confere poder e comando sobre os demais, Leônidas é a personificação dos valores e ideais espartanos (ou da “organização”, seguindo o nosso paralelo). Sua conduta é o espelho onde todos buscam se enxergar. Ao mesmo tempo em que é grande, Leônidas é humilde. Importa-se sinceramente com todos de seu grupo e reconhece a importância, o talento e a bravura de cada um. Leônidas desperta respeito, admiração e inspira seus guerreiros a darem o melhor de si. Um dos espartanos, momentos antes de sua morte no campo de batalha, olha para Leônidas e diz: “é uma honra morrer ao seu lado“. E ele lhe responde: “foi uma honra ter vivido ao seu“.
Xerxes, por sua vez, é uma espécie de CEO inatingível de uma imensa multinacional. Para descer do seu trono, utiliza a cabeça de seus escravos como degraus. Um a um eles se curvam para que o seu sagrado rei possa ter onde pisar com segurança até chegar ao chão. Autodenomina-se “deus-rei”. Autoritário e tirano, ordena decepar as cabeças de seus generais se estiver descontente com os resultados. Inspira medo e temor, nada além disso. “Você tem muitos escravos, Xerxes, mas poucos guerreiros“, disse-lhe Leônidas. “Não demorará muito para que temam mais minhas lanças que seus chicotes“, completou o espartano.
Após vários dias de batalhas, os 300 de Esparta finalmente sucumbiram. O que parece ter sido uma massacrante derrota foi, na verdade, uma grande vitória dos gregos. Os espartanos infligiram grandes perdas aos persas e atrasaram a sua marcha de conquista da Grécia, o que permitiu a reorganização do exército grego e a sua posterior vitória. “O mundo saberá que homens livres enfrentaram um tirano. Que uns poucos enfrentaram muitos e, antes dessa batalha terminar, que até um deus-rei pode sangrar“, profetizou Leônidas. E assim foi.
Leônidas e seus 300 guerreiros ensinaram ao mundo que com inteligência estratégica e um pequeno grupo de pessoas extremamente preparadas e que compartilham um ideal comum, somos capazes de enfrentar inimigos (ou concorrentes) muito maiores. “Lute primeiro com a cabeça; depois, com o coração“, recomendaria o rei espartano. Esteja preparado para a glória.
Fonte: Administradores
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